Impensante
Entro no mundo sem entendê-lo
Vou em busca sabe-se lá do quê
Vivo em constante dilema
Sem saber exatamente o que fazer.
Sem saber como ser
Sem saber como viver.
Estou à procura de sentido
Sentido para entender
Para saber como fazer
E tentar encontrar
Uma razão de ser.
Estamos assoberbados de afazeres
Somos atropelados por outros dizeres
Não sabemos como sobreviver
Nesse amontoado de viveres.
Aonde foi o meu ser?
Em que mundo, afinal, eu estou?
E por que tenho sempre que ser?
O que outros querem me fazer parecer.
Não escuto as músicas que me fazem feliz
Não sinto mais o cheiro de meu perfume
Não enxergo os livros que me encantaram
Não sinto mais a concretude de meu corpo
Não percebo a maciez das deliciosas frutas
Permaneço em estado inoperante.
O que se passa em meu ser?
Serei hoje um pássaro viajante?
À procura de um espaço aconchegante
Para assim construir meu cantinho
E poder pensar com vontade incessante.
Em busca de enxergar de novo
O que via tempos antes?
Não sei, não sei
Só sei que aqui (não) estou
Feito bicho tonto
Sem ao menos ver adiante
O que outrora era encantante.
Líria Ajdeil.