domingo, 20 de janeiro de 2013


CURIOSIDADE LITERÁRIA


Ao passear um dia no site do "Educar para crescer" me deparei com a seguinte pergunta: Qual poema de Drummond você é? A pergunta me chamou atenção, continuei a leitura e, de repente, me dei conta de que tratava-se de um teste supervisionado pelo professor doutor Ronaldo de Oliveira Batista, coordenador do curso de Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Fiquei interessada e resolvi fazer o teste, veja só qual o poema de Drummond eu sou! ADOREI!!! Não é que eu me identifiquei mesmo com o poema!


Os Ombros Suportam o Mundo
Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Os versos acima foram publicados originalmente no livro "
Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940.  Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.

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