sábado, 3 de novembro de 2012


"Por que me falas nesse idioma?
perguntei-lhe, sonhando. 
Em qualquer língua se entende essa palavra.
Sem qualquer língua.
O sangue sabe-o.
Uma inteligência esparsa aprende
esse convite inadiável.
Búzios somos, moendo a vida
inteira essa música incessante.
Morte, morte.
Levamos toda a vida morrendo em surdina.
No trabalho, no amor, acordados, em sonho.
A vida é a vigilância da morte,
até que o seu fogo veemente nos consuma
sem a consumir..." 
(Cecília Meireles)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Conhecendo um pouco Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho!

Aos meus alunos dos 1os anos!

O documentário abaixo retrata um pouco as obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Espero que o vídeo em questão contribua para ampliar nossas discussões literárias em sala de aula. Ah, de quebra, vai também um belíssimo poema sobre o artista em questão, poema do nosso grandioso poeta Carlos Drummond de Andrade.
Então, meus queridos(as) alunos(as), apreciem o material postado e bons estudos!



POEMA


      Aleijadinho e Os Profetas

Esse mulato de gênio
lavrou na pedra-sabão
todos os nossos pecados,
as nossas luxúrias todas,
e esse tropel de desejos
e essa ânsia de ir para o céu
e de ficar mais na terra;
Era uma vez um Aleijadinho,
não tinha dedo, não tinha mão,
raiva e cinzel lá isso tinha,
era uma vez um Aleijadinho,
era uma vez muitas igrejas
com muitos paraísos e muitos infernos,
era uma vez São João, Ouro Preto, Sabará, Congonhas,
era uma vez muitas cidades
e um Aleijadinho era uma vez.



( Carlos Drummond de Andrade ).

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A TRISTEZA PERMITIDA (Martha Medeiros) Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como? Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra. Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra. A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas. “Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia. Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

sábado, 17 de março de 2012

Poesia

Dica de leitura de minha filha, Lara Manuela. Em homenagem à semana da poesia.


Meu livro de literatura


Oi, meu livro de literatura se chama “Menina-menina, princesa de lama”, da escritora Rosane Villela, e a ilustradora Giselle Vargas. Ele é um livro de poesias, nele tem muitas poesias, tem uma que é a minha preferida, e o nome dela é “Estrela-menina”. Esta poesia é muito bonita. Nela o eu poético fala sobre uma menina estrela que sonhava que num dragão ela viajava e se enfeitava toda para conquistar o mar. Nessa poesia tem dois versos que eu gosto muito, eles são assim:
Ele se fazia grande e, também, fundo
Para que ela se afundasse no seu mundo.

(Esse “ele” que fala nesse verso é o mar).
Além desse poema, tem outro que eu também gosto muito, o nome dele é “Alameda da vida”, esse poema fala sobre todos os poemas do livro, também é muito bonito, e agora vou terminar esse texto com dois versinhos que eu mesma criei:
Menina-menina, princesa de lama,
Esse livro é muito bacana!

Lara Manuela.