quinta-feira, 28 de julho de 2011

Poesia

Uma das coisas que mais contribuem para que eu continue me orgulhando de ser professora é saber que há muitas pessoas neste país que, com sua brilhante inteligência e capacidade de se expressar, estão sempre demonstrando, e por meio da arte, que podem fazer a sociedade pensar criticamente na situação humilhante em que milhares de pessoas são obrigadas a viver. 
É o caso da poetisa do poema abaixo que, com um toque artístico, produziu esse lindo poema (paródia do poema A rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes) para nos fazer refletir acerca de determinadas posturas que alguns de nossos governantes vêm adotando em nosso país. PARABÉNS, Vera Liberato! Sua poesia é muito reflexiva. E vamos à luta! Sem medo de ser professor(a).

Paródia: A rosa sem estima

Pensem nas crianças
Mudas segregadas
Pensem nas meninas
Cegas limitadas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas destroçadas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa sem estima
A rosa hereditária
A rosa depressiva
Imponente e impopular
A rosa desrespeitosa
A antirrosa potiguar
Sem cor sem vigor
Que rosa que nada!

           Vera Liberato

Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
 
Vinicius de Moraes

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